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NOVO NISSAN MARCH


Desde 1983, quando a Nissan lançou o primeiro March, o pequeno japonês foi um sucesso de mercado, mas viveu em discrição. Raramente revolucionou, ao contrário dos concorrentes. Contudo, a marca do grupo Renault-Nissan se tornou cada vez mais arrojada e decidiu aplicar a mesma ousadia no carro vendido como Micra no Japão e Europa. Lançado no começo do ano no mercado europeu, a quinta geração manteve o visual vincado do conceito Sway. Fomos até Roma para testar o hatch que pode ser feito no Brasil em 2019, mas com algumas mudanças.


Essa revolução fica clara no visual alinhado com os últimos Nissan, particularmente o Kicks. Lá está a grade em “V” e a linha que começa por cima dos faróis e se prolonga em onda por toda a lateral, terminando nas lanternas. A impressão de tamanho maior é imediata e real: são mais 17 cm de comprimento e mais 8 cm de largura. Ser mais longo, baixo e largo ajudou o March a perder o ar simpático.


Embora seja produzido na fábrica de Flins, onde a Renault faz o Clio, o March não usa a plataforma do primo francês. A arquitetura é a mesma da quarta geração do Nissan, altamente modificada. Ainda assim, há componentes comuns entre os compactos, a começar pelos dois motores disponíveis (mais tarde chegará um 1.0 atmosférico de 75 cv semelhante ao usado no Brasil), ambos com turbocompressor e 90 cv: o 0.9 DIG-T a gasolina e o 1.5 dCi, a diesel. Em razão disso, a estrutura frontal é parecida entre ambos, que também compartilham as maçanetas traseiras camufladas em meio ao plástico preto das portas e colunas.
Na cabine

Vamos ao que interessa, uma análise mais objetiva daquilo que mudou no interior… tudo! Basta entrar atrás para perceber que a ambientação é parecida com a do Clio europeu, a começar pelos pequenos vidros das portas traseiras. A simplicidade ajudou na largura: as portas não têm bolsas para objetos e os vidros são acioados por manivela. Pelo menos, há bom espaço para dois adultos. Por sua vez, o porta-malas leva razoáveis 300 litros e aproveita cada recanto possível.



A posição de dirigir agrada, é até curioso como volante, câmbio e pedais ficam tão bem posicionados, porquê as regulagens do banco e do volante são curtas. Por outro lado, os bancos são confortáveis e têm ótimo apoio. A visibilidade à frente é desimpedida, mas, enxergar pelo retrovisor interno é difícil em razão do vidro traseiro minúsculo. É preciso ter fé na câmera de ré.

Bastam instantes para ver a evolução no acabamento, com trechos macios e uma faixa imitando couro à la Kicks, menos na cobertura dos instrumentos (os mesmos do Qashqai), feita de plástico duro e pobre. É a personalização que faz tudo parecer melhor do que realmente é, exemplo do alegre interior de duas cores.

A Nissan associou-se a Bose para produzir um som com efeito de 360 graus, com altofalantes nos encostos de cabeça frontais capazes de dispensar o subwoofer na mala. A qualidade de som é excelente para um sistema que será acessível, diz a Nissan. O mesmo se aplica ao display de 7 polegadas, compatível com Apple CarPlay.


Quanto à suspensão, ela segura bem em curvas velozes e, sobretudo, faz isso ao mesmo tempo que absorve vias detonadas, como algumas antigas estradinhas não muito longe da capital romana. O conforto da suspensão, McPherson na dianteira e eixo de torção atrás, impressionou ainda mais porque os pneus eram baixos (205/45 R17), desenvolvidos pela Bridgestone para o Nissan. Por sua vez, a direção é leve, mas precisa. É fácil apontar as rodas da frente precisamente para onde você desejar.

Até aqui, o March já é muito mais envolvente de guiar que o antigo, mas o melhor vem a seguir. A afinação do eixo posterior foi feita de forma a deixá-lo sair de traseira levemente e o controle de estabilidade pode ser desligado. Resultado: esse é o primeiro March rápido e divertido de fato, no que ajuda o centro de gravidade baixo e a alta rigidez estrutural.

Se o atual March nacional sequer oferece ESP ou controle de tração, o novo extrapola com o Nissan Chassis Control, com dois sistemas de auxílio. O Active Ride Control detecta a passagem sobre um obstáculo e aciona automaticamente os freios para comprimir um pouco a suspensão e suavizar o amortecimento. A segunda função se chama Active Trace Control e funciona na entrada de curva, quando os freios são acionados para jogar mais peso sobre o eixo dianteiro e ampliar a aderência, e também nas saídas.


Aqui, são aplicados os freios das duas rodas internas na curva, puxando assim o carro para dentro da trajetória e evitando o subesterço, caso em que o controle de estabilidade entra em funcionamento. Ao testar ambos assistentes em duas pistas molhadas no centro de testes da Bridgestone, perto de Roma, o sistema que nos convenceu foi o Active Trace Control, na situação de aceleração à saída de uma curva, em que se sente realmente a frente seguir caninamente aa trajetória certa, mesmo acelerando com força.

Além destas novas funções, o March tem frenagem de emergência com detector de pedestres, assistente de faixa e de ponto cego, câmera de 360 graus com deteção de objetos e, até mesmo, sistema de leitura de placas com radar. Um pacote superior até ao do Sentra ou Kicks. No final, a impressão é de que a revolução do March foi além da imagem e incluiu a diversão e tecnologia como prioridades.



Dados da montadora

Motor
Dianteiro, transversal, 3 cilindros em linha, comando duplo, turbo, injeção direta de gasolina

Cilindrada
898 cm³

Potência
95/90 cv a 5.500 rpm (com overboost)

Torque
15,3/14,3 kgfm a 2.250 rpm (com overboost)

Câmbio
Manual de cinco marchas

Direção
Elétrica

Suspensão
Indep. McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)

Freios
Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.)

Pneus
205/45 R17

Dimensões
Compr.: 3,99 m
Largura: 1,74 m
Altura: 1,45 m
Entre-eixos: 2,52 m

Tanque
41 litros

Porta-malas
300 litros (fabricante)

Peso
1.001 kg


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